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Ursa Maior: A Constelação que Orienta

Ursa Maior A Constelação que Orienta
Imagem da constelação Ursa Maior, com todas as suas estrelas. (crédito: ©Vito Technology, Inc.).

A Ursa Maior é uma das constelações mais reconhecíveis do céu noturno, famosa por sua grande visibilidade e por abrigar o icônico asterismo do Grande Carro.

Suas estrelas principais possuem nomes e características próprias, sendo alvos de estudo desde a antiguidade.

Presente em diversas culturas, essa constelação desempenhou um papel fundamental na orientação de viajantes e no estudo do cosmos.


Origem e mitologia da Ursa Maior

A constelação Ursa Maior tem origem em mitologias antigas, especialmente na grega. Segundo o mito, Zeus transformou Calisto em uma ursa para protegê-la da ira de Hera.

Os povos nativos americanos viam essa constelação como um grupo de caçadores perseguindo um urso celestial, um mito presente em diversas tribos.

Na mitologia romana, a história é semelhante à grega, mas com Júpiter como protagonista, transformando Calisto em uma ursa para escondê-la de Juno.

Além disso, a cultura chinesa também reconhecia a Ursa Maior, associando suas estrelas a um dos Palácios Celestiais na astrologia tradicional.

Muitas tradições ligam essa constelação a lendas sobre a relação entre humanos e deuses, reforçando sua importância cultural.

Textos religiosos também mencionam a Ursa Maior, como a Bíblia e escrituras hindus.

A presença dessa constelação no céu ajudou navegadores, agricultores e astrônomos a calcular estações e direções, sendo uma referência celeste essencial.

Além disso, a astronomia islâmica também a estudou, atribuindo nomes árabes a muitas de suas estrelas, que foram preservados até hoje.

Entre elas, destacam-se Dubhe, derivado do árabe ‘Al-Dubb’, que significa ‘urso’, e Alioth, cujo nome vem de ‘Al-Fayyad’, referindo-se a algo abundante ou generoso.

Ao longo do tempo, a Ursa Maior influenciou inúmeras representações artísticas e filosóficas, aparecendo em bandeiras, brasões e até em logotipos modernos.

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O Grande Carro e suas estrelas principais

O asterismo mais famoso da Ursa Maior é o Grande Carro, formado por sete estrelas brilhantes. Ele é um guia essencial para localizar outras constelações e a Estrela Polar.

Ursa Maior A Constelação que Orienta
Imagem da constelação da Ursa Maior, e o nome de suas respectivas estrelas. (crédito: JC, astronomiaparatontos.blogspot.com).

As sete estrelas principais são Dubhe, Merak, Phecda, Megrez, Alioth, Mizar e Alkaid. Cada uma possui características próprias.

Dubhe (α UMa) é a estrela mais brilhante da constelação, uma gigante laranja a cerca de 123 anos-luz da Terra, usada como referência na navegação.

Merak (β UMa) é uma estrela branca localizada a 79 anos-luz e, junto com Dubhe, forma um alinhamento que aponta diretamente para a Estrela Polar.

Phecda (γ UMa) é uma estrela branca a 83 anos-luz, parte da linha inferior do Grande Carro, e sua luminosidade permite fácil identificação.

Megrez (δ UMa) é a menos brilhante das sete e está localizada a 81 anos-luz da Terra, marcando a ligação entre a “caixa” e a “alça” do Grande Carro.

Alioth (ε UMa) é a mais brilhante do Grande Carro e uma das estrelas mais brilhantes do céu, localizada a 82 anos-luz e de grande importância na astrometria.

Mizar (ζ UMa) forma um sistema estelar duplo com Alcor, visível a olho nu. Elas estão a 83 anos-luz de distância. Em boas condições de observação, nota-se que Mizar e Alcor não são fisicamente associadas, sendo chamadas de binárias visuais.

Com um telescópio, é possível ver que Mizar é, na verdade, um sistema múltiplo composto por pelo menos quatro estrelas: Mizar A e Mizar B, que são binárias espectroscópicas, e outras duas estrelas companheiras detectadas por estudos modernos.

Alkaid (η UMa) é a mais afastada do asterismo e uma estrela quente da classe B, situada a 101 anos-luz. Sua coloração azulada é perceptível a olho nu.


Sistemas estelares binários e múltiplos

A Ursa Maior possui vários sistemas estelares duplos, sendo Mizar e Alcor os mais famosos, visíveis sem telescópio.

Mizar foi a primeira estrela descoberta como um sistema binário telescopicamente, no século XVII, tornando-se referência para estudos estelares.

Além disso, a observação de sistemas duplos como Mizar ajudou a confirmar a existência da gravidade universal e as leis de movimento estelar.

Muitos dos sistemas estelares na Ursa Maior pertencem ao Grupo em Movimento da Ursa Maior, um aglomerado disperso de estrelas com origem comum.

Estudos espectroscópicos revelaram que Mizar, na verdade, é um sistema múltiplo com pelo menos quatro estrelas interligadas gravitacionalmente.

O sistema Alcor-Mizar é frequentemente usado para testar a acuidade visual, devido à proximidade aparente entre as estrelas.

Esse teste remonta à antiguidade, sendo utilizado por culturas como a árabe e a grega para avaliar a nitidez da visão.

Durante a era medieval, astrônomos islâmicos documentaram essa prática, que mais tarde foi adotada na Europa como uma referência para medir a capacidade visual sem instrumentos ópticos.

Além disso, outras estrelas da Ursa Maior também apresentam sistemas binários detectáveis por telescópios modernos, reforçando sua riqueza astronômica.

A presença de sistemas duplos e múltiplos na constelação fornece dados importantes sobre a evolução estelar e a dinâmica gravitacional.

A interação gravitacional entre estrelas binárias pode resultar em fusões estelares ao longo do tempo, formando novas estrelas massivas.


Objetos celestes notáveis na Ursa Maior

A constelação abriga diversos objetos celestes de grande interesse para astrônomos e entusiastas da observação do espaço.

Ursa Maior A Constelação que Orienta
“As galáxias M81 e M82 na constelação Ursa Maior, registadas com um telescópio newtoniano de 4,5 polegadas a 440 mm de distância focal.” (crédito: Michael Deger / CCD Guide)

M81 (Galáxia de Bode) – Uma galáxia espiral muito semelhante à Via Láctea. Pode ser observada com binóculos mesmo em áreas urbanas e, sob boas condições, seu disco oval se torna ainda mais evidente.

M82 (Galáxia do Charuto) – Conhecida como Galáxia do Charuto, tem um formato alongado e estreito. Mesmo com bons equipamentos, sua classificação pode ser desafiadora.

M101 (Galáxia do Cata-vento) – Uma galáxia espiral de grande extensão, localizada a aproximadamente 16 milhões de anos-luz da Terra.

M97 (Nebulosa da Coruja) – Uma nebulosa planetária oval, com aparência que lembra os olhos de uma coruja. Para observá-la com detalhes, é necessário um telescópio de pelo menos 75 mm.

Esses objetos tornam a Ursa Maior uma das constelações mais ricas para estudos astronômicos.


Conclusão

A Ursa Maior é uma das constelações mais estudadas, contendo estrelas de grande relevância astronômica.

Seja como guia de navegantes ou como objeto de estudo científico, sua importância continua atravessando épocas.

Atualmente, astrônomos utilizam a constelação como referência para telescópios espaciais e estudos sobre a movimentação das estrelas na galáxia.

Além disso, algumas de suas estrelas fazem parte de pesquisas sobre exoplanetas e sistemas múltiplos, demonstrando sua relevância contínua na astronomia moderna.

O brilho e a forma marcante da Ursa Maior fazem dela uma referência eterna no céu noturno, convidando os observadores a explorar suas maravilhas.

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